Agora tinha gosto de tudo aquilo que acaba

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Jurei que seria agridoce. Ou terroso. Aquela sensação arrastada de tristeza mesclada com liberdade. Era pior, talvez tão pior que ao menos tivesse um nome. Da mesma forma era um exagero. Não se sente da mesma forma que se externa. Pode ser muito pouco, pode ser quase nada. 

Por meio de palavras, acho que nos convertemos. Em que não sei. Em algo talvez. A palavra é tecida e traça seu caminho, ela cruza barreiras e cria uma narrativa; às vezes nem chega a iniciar uma. O livro está lá, pedante, quanto mais ela desdobra, mais ela se elabora.  Não falo de discurso, falo de história, e todas as suas desassociações acadêmicas. 

A palavra tem poder de sentir. Ela sente antes de provocar o sentimento. Ela manipula, ela envolve, ela entorpece, ela escraviza. Ela, por tanto tempo tão mordaz, tão plena em seu poder ainda que na sua simplicidade. Ela tão prisão. Delírio verborrágico. Arte.

Eu jurei que seria sereno. Ou intenso. Ainda que ousasse desejar mesclar as sensações em uma só. Mas foi tardio. A palavra falhou, faltou.  Antes dela havia o poder do impulso. 

Não o impulso ilusório do que é inconsciente e sim o da vontade. Pulsão. O poder do impulso padecia com sua própria falta, e a palavra procurava por si mesma no escuro. 

Era assim que acabava. 

Confuso. Incoerente. Em si mesmo.




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