Não te demores
19:14
“É mais tarde do que supões”.
— Hilda Hilst
Se valer de permanência era se valer de amor? Ou conforto. Talvez aquilo que dura seja tão somente o desejo arrastado de ser; e o arrastar do descontentamento do não. Quase normal como o vento ou sereno como uma caminhada, converteu-se. De tanta demora foi-se a necessidade para que viesse o desejo. De tanta demora, foi-se. E sabe-se lá para que lugar da alma, pó de universo.
E eu te peço: não te demores.
Quero que permaneças em mim, mas como o passado.
Te suplico: não te demores.
Antes que eu me dispa e me ponha envergonhada e lacrimejante.
Te desejo, mas não te demores.
Não há dor maior e tão doce do que a demora. Mas não finca tua permanência. Não posso dela fazer morada se já tenho casa-abandono.
Vá para longe, terra-guiada.
Para distante das miradas e das possibilidades de você. Não te digo motivo, nem te faço crer
porque aqui é só lugar de espera
de desmonte
1 comentários
Li e fiquei aqui pensando em quanta gente já veio e já foi e em quem eu gostaria que não demorasse.
ResponderExcluirTexto lindo!
Um beijo,
Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
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